quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Continuando...

Depois de meses parada, resolvi voltar a escrever.
De repente me deu uma vontade, quase que uma epifania e explico o porquê:
Analisando os últimos meses de minha vida, vi o quão mudei de maio para cá.
No dia 26 do mês acima citado, meu pai faleceu.
Minha relação com ele não foi das melhores durante boa fase da minha vida.
Na infância, era um pai legal. E ponto!
Na adolescência, eu tinha vergonha de suas bebedeiras e acaba o rejeitando por isso.
Foram anos de afastamento, falando apenas o necessário e apenas porque ele era o meu pai.
Como minha família e eu passamos necessidade por culpa de ele dar assistência apenas à sua nova família, passei a cultivar mágoa e raiva.
Mas, em 2006, ele descobriu que tinha cirrose. Chegou a ficar quatro meses no hospital entre a vida e a morte e, acreditem, não fui vê-lo uma única vez sequer.
Com a insistência do meu irmão, resolvi no dia dos pais desse mesmo ano, sair para almoçar com eles. Apenas nós três. Na ocasião, ele já estava separado de sua segunda mulher (com a qual nunca me dei bem) e há alguns meses sem beber.
Foi um almoço bem gostoso em um shopping.
Ele nos disse que seu novo vício era suco de laranja natural. Para incentivá-lo, compramos a ele um espremedor de suco e, no mercado, um saco de laranjas.
Aos poucos, fomos nos reaproximando.
No começo do ano seguinte, ele teria de sair da casa onde morava, porque ela foi vendida e ele não sabia para onde ir. O dinheiro era pouco para comprar uma boa casa em São Paulo e eu o incentivei a realizar o seu sonho antigo de morar em Peruíbe, cidade litorânea do estado de São Paulo.
Começamos, meu irmão, meu pai e eu, a buscar uma casa na cidade. Até que encontramos A CASA!
Em junho de 2007, ele se mudou para o que chamava de "paraíso"!
No mês seguinte, saí de férias, e resolvi passar o mês todo com ele. Apenas nós dois!
Foi o mês de nossas vidas!
Pomos tudo em pratos limpos. Choramos, rimos, nos emocionamos... Enfim, voltamos a nos amar como pai e filha!
A partir daí, ele passou a ser um de meus melhores amigos.
Foi ele quem, em um momento imensamente difícil de minha vida, me apoiou e provou que seu amor era incondicional. Aliás, foi aí que aprendi o significado dessa expressão.
Sempre que podia estava com ele. Férias, feriado, finais de semana!
Mas, como o alcoolismo é uma doença de difícil cura, ele voltou a beber.
Em 2011 ele descobriu estar com pedras na vesícula, o que lhe causava bastante desconforto e veio a necessidade de operar.
Adiou o máximo que pôde.
Em janeiro deste ano, 2012, vim à casa dele (onde moro hoje) passar cinco dias das minhas férias. Acabei ficando 17! Embora ele não estivesse muito bem, pois as cólicas causadas pelas pedras o deixavam bastante abatido, foram as melhores férias da minha vida. Ele me tratou com mais amor e carinho que de costume. Parecia saber que, aquelas, eram as últimas férias que passaríamos juntos.
Ansioso, marcou a cirurgia para 02 de abril. E foi aí que tudo começou... a acabar.
Por conta da cirrose, ele teve de ser aberto pelos médicos, pois o procedimento não era tão simples assim. Teve hemorragia e parada cardíaca e acabou indo ao coma induzido pelos médicos, ficando na UTI por duas semanas, aproximadamente. Depois, voltou a si, e conseguiu alta. Uma semana em casa. Mas teve de voltar ao hospital por duas vezes. Na última delas, não resistiu. Faleceu...
A partir daí, uma grande transformação passou a acontecer dentro de mim. Percebi que, sim, a morte existe. As pessoas não se dão conta disso até que aconteça com alguém que se ama demais.
E percebi que a vida está passando. Não tenho mais dezoito aninhos para adiar os planos. Tenho 35 e resolvi ser feliz desde já.
Saí da loucura da cidade de São Paulo, deixando família, amigos e emprego para trás. E, na cidade de Peruíbe, resolvi recomeçar.
Não é a experiência mais fácil da minha vida, confesso. Mas tenho a certeza, a cada dia, de que fiz a coisa certa e que, na casa em que moro hoje, na escola em que leciono aqui, sou muito mais feliz!
A internet existe para suprir a carência de quem ficou longe...
Porém, de uma coisa não abro mão, de continuar vivendo no lugar onde ele, meu pai querido e amado, chamava de paraíso, agora, O MEU PARAÍSO!
Em tempo, por conta de tantas novas experiência vividas aqui em pouco mais de dois meses, resolvi criar um novo blog apenas dedicado a isso. Nascerá hoje, agorinha mesmo, mas com o tempo, muita história boa estará disponível para quem quiser, mesmo que virtualmente, viver um pouquinho do que vivo agora!
Beijos a todos!

3 comentários:

Anônimo disse...

Bom dia Nan, lindo... Precisei de uns minutos para me refazer da emocao que o texto me trouxe. Minha relacao com meu pai foi bem parecida, so que ele foi morar do outro lado do Atlantico, e não tivemos tempo para a reaproximacao. Ele faleceu ja a um pouco mais de 1 ano, mas e latente, as vezes, a falta que ele me faz.
Por sorte, ou destino, sei la, temos amigos, familia e amores que fazem da nossa vida uma grande aventura e seguimos em frente com a certeza que tudo vai dar certo e que a felicidade existe nas coisas mais simples da vida. Sejamos felizes sempre.
Dodo

Paula Dundee disse...

A vida nos ensina sempre, Nan, seja pelo amor ou pela dor, aprendemos a não desperdiçar um segundo sequer dela, mais cedo ou mais tarde... Minha experiencia mais traumatica foi o falecimento de meu irmão, por alcoolismo, há uns oito anos... É triste, mas a gente reaprende a visualizar a vida de uma forma mais humana, confirmando que o que não tem remedio, remediado está, como diz o ditado popular... A vida continua sempre, graças a Deus, e a gente leva, seja pra onde Deus queira, essas experiencias. Todo dia deve ser vivido como se fosse o primeiro de nossas vidas. Parabéns pelo texto maravilhoso, forte abraço!

Paula Dundee disse...

A vida nos ensina sempre, Nan, seja pelo amor ou pela dor, aprendemos a não desperdiçar um segundo sequer dela, mais cedo ou mais tarde... Minha experiencia mais traumatica foi o falecimento de meu irmão, por alcoolismo, há uns oito anos... É triste, mas a gente reaprende a visualizar a vida de uma forma mais humana, confirmando que o que não tem remedio, remediado está, como diz o ditado popular... A vida continua sempre, graças a Deus, e a gente leva, seja pra onde Deus queira, essas experiencias. Todo dia deve ser vivido como se fosse o primeiro de nossas vidas. Parabéns pelo texto maravilhoso, forte abraço!